quinta-feira, 18 de setembro de 2014



Um inesperado pequeno lapso

Já estou aposentada há 6 anos.
Nos dois últimos anos que trabalhei, já quase não se falava em colocação de professores.
Parece que estava quase tudo afinado...
Com este ministro, tão crítico dos anteriores, voltou tudo a correr mal.
O dinheiro começou a faltar e, claro, até o que estava a correr bem, passou a correr mal.
Eu saí da escola como Professora Titular. Logo se arrependeram e apagaram os titulares...
Mas criaram os Professores com Horário Zero...
Cortaram no currículo dos alunos...
Mandaram uns milhares de professores para casa, porque deixou de haver crianças...só há velhos, mas por esses não vale a pena fazer nada. Corta-se-lhes a pensão e eles deixam de ser pensionistas, passam a defuntos...
Hoje abri o jornal e "humildemente" reconheciam que se tinham enganado na colocação dos professores.
Mas tudo se vai arranjar porque estamos a tratar com gente séria e se alguém não ficar na Sobreda da Caparica, vai para Albufeira que é muito bom, tem sol e turistas...
Que importância tem isso? Os alunos também nunca ficarão a saber que andam a brincar com eles...
Mas quem nos acode?

Crato reconhece erro, pede "desculpa ao país" e manda refazer listas de colocação de professores





domingo, 7 de setembro de 2014

TIAGO

7 DE SETEMBRO DE 2014

HÁ 40 ANOS ATRÁS, DEBATIA-ME COM UM MISTO DE ALEGRIA E APREENSÃO ENORMES.

IA TER O MEU PRIMEIRO FILHO, MAS CONFESSO QUE ESTAVA TÃO ESCUDADA PELA FAMÍLIA QUE SÓ QUERIA NÃO FAZER FEIO PARA NÃO OS DESILUDIR.

O MEU PAI ESTAVA NA GUERRA, EM ANGOLA, E ISSO TRAZIA-ME SEMPRE EM GRANDE SOBRESSALTO.

FINALMENTE O GRANDE DIA ACONTECEU E TUDO CORREU BEM...
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A MINHA MÃE TEVE CANCRO NAS CORDAS VOCAIS, A MINHA AVÓ MORREU, O MEU PAI VOLTOU...E TUDO PASSOU NA VORAGEM DO TEMPO.


OS GANDES DESGOSTOS FORAM SUPORTADOS DE UMA FORMA MENOS SOFRIDA PORQUE HAVIA ENTRE NÓS UM ANJINHO QUE PRECISAVA DE TODOS E PARA ELE NOS VOLTÁVAMOS, PROCURANDO UM LENITIVO,UM BÁLSAMO QUE ALIVIASSE OS NOSSOS CORAÇÕES.


ASSIM APRENDI O QUE ERA O AMOR DE MÃE. TÃO GRANDE QUE ME SUFOCAVA E ME FAZIA SER UMA MULHER CADA VEZ MAIS FORTE PARA PODER TOMAR BEM CONTA DELE E FAZÊ-LO TER ORGULHO DE MIM, UM DIA QUANDO PERCEBESSE BEM AS COISAS.

DEVIDO À MINHA VIDA PROFISSIONAL, CONTEI SEMPRE COM A INEXCEDÍVEL AJUDA DOS MEUS PAIS QUE FORAM UNS AUTÊNTICOS ANJOS DA GUARDA E É DELES QUE ME LEMBRO MUITO HOJE..

DEDICO-LHES ALGO QUE ADORAVAM OUVIR.



terça-feira, 5 de agosto de 2014

MEMÓRIAS DE UMA VIAGEM

 Cheguei a 23 de Julho da Polónia onde estive pela iª vez na minha vida numa peregrinação
A viagem durou uma semana e, se por acaso estivesse um pouco mais bem organizada, o cansaço não teria sido tão grande.
Que dizer desta experiência?
  • Conhecer e admirar um país que é de uma beleza estonteante e se reergueu após uma dizimação quase total
  • deixar-me levar por uma fé inquebrantável que todos os polacos têm.
  • permitir-me uma viagem dentro de mim própria
  • conhecer de perto as atrocidades feitas pelos nazia aos judeus
  • tomar consciência do papel nefasto que a ex Nação Soviética teve neste país
  • conhecer mais sobre religião
  • conviver com muitas pessoas de boa vontade
As emoções estiveram sempre à flor da pele e não me coibí de pedir ajuda ao Todo Poderoso  e de entregar as minhas preces a Deus, nas suas mais variadas manifestações: Virgem Negra, Santo João Paulo II, Nossa Senhora de Fátima, Santíssima Trindade...

Venho mais serena e mais certa de que há fenómenos que não podem voltar a repetir-se, como o Holocausto.
Venho mais serena e certa que o bem triunfará sempre sobre o mal.
Venho mais serena e disposta a passar o testemunho, porque a vida mais não é que ums grande peregrinação.

domingo, 6 de julho de 2014



UMAS FÉRIAS ATÍPICAS

Dizem que querer é poder, mas nem sempre.

Quer-se aquilo que se pode ou pode-se aquilo que talvez venhamos a querer e a gostar.

Há sempre um estrangulamento naquilo que se quer, seja de ordem emocional ou de ordem material.
Este filtro que colocamos entre o que gostamos e o que fazemos é recomendado, na maioria das vezes, por uma disciplina emocional pela qual nos regemos.
Depois há ainda uma autocensura que baralha os dados todos.

As desculpas que damos pelas escolhas que fazemos ainda são mais irrisórias.
 Quem nos pediu explicações?
 Ninguém, a não ser o nosso outro eu, mais irreverente, que nos coloca frequentemente no limbo, mas não nos deixa ser antissociais.

Ainda não soltei completamente as amarras da vida que levo e daí que, baixinho, diga para mim própria" Eu preciso de ir, talvez goste ou não. Não era o que eu queria, mas o que eu podia."

Eu sou esta confusão mental que me impede de dizer "É por aí que vou, porque eu quero!"

E a verdadeira essência do meu ser  fervilha, rebela-se e castiga-me, tapando-me o sol...






domingo, 9 de março de 2014

Desilusão

Mais uma...

Começo a sentir que já vivi uns largos anos...e que as minhas expectativas em relação ao futuro são cada vez mais dolorosas.
Alguma vez pensei, enquanto leccionava arduamente aulas de Língua portuguesa e Inglês a miúdos difíceis, que o que descontava mensalmente e anualmente era para constituir uma espécie de mealheiro não para mim, mas para uma camada de corruptos que me fazem sentir que, por ter sido funcionária pública toda a vida, tenho que expiar essa culpa até ao fim dos meus dias?
Alguma vez pensei ver jovens bem preparados terem como meta a saída para o estrangeiro para conseguir um emprego digno?
Alguma vez pensei ouvir todos os pais e avós dissuadirem os seus de ser professores ou qualquer coisa que tenha a ver com funcionalismo público?
Não sei de quem é a culpa de toda esta preversão. Se calhar é de todos nós por uns motivos ou por outros, mas os olhos embaciam-se-me  ao ver um país de velhos governado por jovens ignorantes que desconhecem o significado da palavra "dignidade".